terça-feira, fevereiro 14, 2006

Novela das Caricatura continua

«Quem têm sido os maiores agressores nos últimos tempos? Somos nós! Portanto, cabe-nos a nós a iniciativa e cabe-lhes a eles também dar passos nesse sentido e não utilizarem a violência porque os protestos são legítimos mas há muitas maneiras pacíficas de fazer protesto». São palavras do ministro dos Negócios Estrangeiros, Freitas do Amaral, no passado domingo, em declarações proferidas à margem da cerimónia de atribuição do grau de doutor honoris causa ao príncipe Aga Khan pela universidade de Évora e publicadas na edição de ontem do Público.
Lembramos que Freitas do Amaral fez divulgar, na semana passada, uma nota em que dizia que «Portugal lamenta e discorda da publicação de desenhos e/ou caricaturas que ofendem as crenças ou a sensibilidade religiosa dos povos muçulmanos» sem se referir à violência contra interesses dinamarqueses.
No dia a seguir, tentou corrigir essa declaração, ao dizer ser sempre contra todo o tipo de violência.

O primeiro-ministro da Dinamarca, Anders Fogh Rasmussen, afirmou que a distribuição de imagens, histórias e rumores falsos em torno das caricaturas de Maomé mancharam a imagem do país escandinavo no mundo muçulmano.
Rasmussen, que falava após um encontro com líderes muçulmanos moderados, insistiu que a Dinamarca é um país aberto, tolerante e respeitador de todos os credos."Assistimos à distribuição de imagens falsas, de histórias falsas e de rumores falsos sobre a Dinamarca", disse o primeiro- ministro dinamarquês à imprensa em Copenhaga. Rasmussen não explicitou, mas em Janeiro já tinha criticado um grupo de dirigentes islâmicos residentes na Dinamarca que viajou para o Egipto, Síria e Líbano para reunir apoios para a contestação do jornal dinamarquês que primeiro publicou as caricaturas. Após o encontro de ontem, com a recém-criada associação "Muçulmanos Democráticos", Rasmussen elogiou os dirigentes moderados por ajudarem "a corrigir a desinformação que foi distribuída em todo o mundo muçulmano". Um dos fundadores da associação, Fathi El-Abed, indicou anteriormente à imprensa que o objectivo do encontro de hoje é "mostrar ao mundo que há muitos muçulmanos na Dinamarca que estão tristes por verem o país diabolizado no estrangeiro e que procuram o diálogo e não a confrontação".


O chanceler austríaco, Wolfgang Schuessel, presidente em exercício da União Europeia (UE), condenou ontem a publicação de uma primeira caricatura sobre o Holocausto por um site da Internet iraniano, no âmbito de um concurso internacional. O "mau uso dos símbolos" e a violação de tabus como o Holocausto devem ser "condenados", sublinhou Schuessel, no final de um encontro em Viena com representantes dos cultos cristão, judaico e muçulmano. A reacção à publicação de caricaturas de Maomé por jornais europeus deve ser "equilibrada", acrescentou o chanceler, recordando que a UE quer "manifestar compreensão pelos sentimentos (dos muçulmanos), mas também mostrar a sua determinação em conservar o seu modo de vida". A Casa da Caricatura do Irão divulgou no seu site da Internet um primeiro desenho no dia do lançamento oficial, juntamente com o diário iraniano Hamshahri, de um concurso internacional de caricaturas sobre o Holocausto intitulado "Onde está o limite da liberdade de expressão no Ocidente?". No sábado, a presidência austríaca da UE condenou firmemente afirmações do Presidente ultraconservador iraniano, Mahmud Ahmadinejad, que classificou o Holocausto como um "mito".

Anotações obtidas por pesquisa Google

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