Aleluia! Carlos Amor ressuscitou!
Em todo este quadrado mundo (isso de o mundo ser redondo é uma grande treta) há só um país que pode dar-se ao luxo de desperdiçar talentos inequívocos: trata-se de uma pequena pátria rectangular com os paisanos a demolhar os pés nas salsas ondas atlântico*, um país que canta a dor de corno ao ritmo de duas violas e uma guitarra, dor chorada com lágrimas pingadas a esturricar em cima de uma chouriça assada e testemunhadas por um caneco de carrascão. Consumo mínimo para sofrer: cinco contos e quinhentos.
É neste país cujo nome agora não me lembro (e vou demorar dez anos a recordar-me) que a gente se dá ao luxo de atirar com cartoonistas como o Carlos Amor para a prateleira do esquecimento.
Buraco da Fechadura orgulha-se de ter espicaçado de tal modo Carlos Amor a regressar ao desenho, que nem por sombras aceita que Amor poise de novo o lápis.
Curvo-me perante Maomé, o verdadeiro autor deste milagre da ressurreição!
Zé Oliveira
* Não faço a mínima ideia sobre o que sejam salsas ondas, mas é uma frase bonita e neste país é mais importante parecer culto do que estampilha postal.
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