quinta-feira, janeiro 11, 2007

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O trabalho seguinte, organizado e editado por Osvaldo de Sousa, já deveria ter sido aqui divulgado. Mas o tempo... o tempo...
Trata-se de um estudo apoiado numa grande entrevista colectiva que Osvaldo fez e aqui resume, que foi publicado num curioso livro apresentado no âmbito do Festival de Banda Desenhada da Amadora-2006.
Os intertítulos são da responsabilidade de Buraco da Fechadura


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"Discutir o sexo dos anjos"
O CARTOON E O INÍCIO DO SÉC. XXI
Por Osvaldo Macedo de Sousa
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Eis como algumas pessoas designam esta constante procura de compreender o incompreensível, de teorizar os fenómenos das artes e sua relação com as massas. Como não conheço nenhum anjo, prefiro pensar na vida pode ter humor, mesmo em tempo de guerra. Da Guerra dos cartoons ao sexo dos anjos, vai um singelo passo de reflexão: até que ponto o pensamento cartoonistico influencia a sociedade; até que ponto haverá, a partir de agora, espaço para a irreverência na imprensa contemporânea? Perante este duvida existencial, resolvi sondar a opinião dos próprios artistas/jornalistas do humor sobre o estado de saúde do Cartoon, encarado no conceito de: Desenho Humorístico de intervenção sócio-política.

Onze perguntas
Criei onze perguntas. Contactei directamente por e-mail mais de quatrocentos cartoonistas dos cinco continentes; as perguntas foram colocadas no meu blog (humorgrafe.blogspot.com), e em diversos sites e fóruns internacionais de cartoon. Alguns artistas preferiram enviar desenhos, outros, respostas por escrito, num total de 46 participações. O resultado deste inquérito foi publicado num pequeno livro pelo Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem da Amadora (durante o XVII FIBDA), conclusões essas que vou tentar resumir para os leitores do BDJornal. Iniciei o questionário, com a dúvida se os artistas tinham, ou não, consciência das mudanças que o tempo provocou na forma de se fazer sátira política. A maioria considera que se mantêm imutável o papel de ironizar as debilidades humanas, de denunciar os abusos do poder. Acusam sim um amadurecimento de uma arte de massas, ligada às marés da sociedade e da comunicação social.

Brito - português em França
Outros denunciam uma perda de força de intervenção, ligada a um deixar-se subjugar pela "ideologia dominante, mais voltada para o consensual do que para a polémica" (Brito - França). De todas as respostas, duas destacam-se pela pertinência de reflexão.

Daniel Ionesco - Roménia
Para Daniel Ionesco (Roménia) "o tempo muda tudo, incluindo a forma como nos divertimos. Até o mecanismo mental de produzir gargalhadas foi alterado. Penso que a nossa sociedade digital perdeu a noção de reflexão, de contemplação. Tudo deve ser informação em vez de conhecimento, moda mais que cultura, ciência mais que religião, compreensão da vida como políticos e símbolos como abreviações. As pessoas já não entendem metáforas. "Homo faber" é agora "Homo consumer". O cartoonismo tornou-se publicidade. Devido à velocidade da vida social, o Homem tornou-se mais rápido a pensar em aspectos práticos da vida e mais mentalmente preguiçoso quando é obrigado a descobrir por ele próprio o sentido das coisas. A nossa civilização tem agora uma única inteligência - a global. Uma coisa boa acerca disto, chama-se "Partilhar".

Gaston Bachelard
"O visual deixou de ser uma experiência íntima", segundo Gaston Bachelard, "mas sim uma única visão partilhada por todos e por conseguinte mais inteligente e compreensível. Não foi o que mudou durante o séc. XIX e XX, mas os efeitos em nós, dessas mudanças no séc. XXI.".

Kap - Espanha
Por seu lado Jaume Capdeville – Kap (Espanha) escreveu: "Para mim, na imprensa contemporânea, o humor não é mais que uma mera diversão. O desenho humorístico já não tem o poder ofensivo de há décadas, e muito menos do séc. passado. O poder transgressor que a imagem satírica, pela sua originalidade e proximidade, tinha no início do séc. (XX) foi-se diluindo à medida que a sociedade se foi transformando. Transformamo-nos num mundo baseado na imagem (tv, internet, publicidade... Assim o desenho de humor já não é uma imagem que cause um forte impacto, mas apenas mais uma imagem na selva das imagens. Além disso já não creio que o desenho de humor tenha o papel de "dizer com humor aquilo que não se pode dizer em palavras", pois hoje em dia tudo se pode dizer. Há uma sobreinformação, que tem o mesmo efeito que a desinformação. Há naturalmente casos pontuais, e contados em que o cartoon faz efeito, e a carga satírica serve para denunciar, para levantar as saias ao poder, para fustigar a injustiça. Mas isso acontece tão poucas vezes, em ocasiões tão raras que já não se pode contar como norma, mas como excepção. O objectivo e a forma mudaram, tal como a sociedade a que se dirige mudou. Essa diluição do espírito satírico é notória na imprensa internacional, o que me conduziu à segunda questão, a confusão que se faz cada vez mais sobre cartoon e ilustração.

Zé Oliveira - Portugal
Como escreveu Zé Oliveira (Portugal), "do ponto de vista do conceito, ainda subsiste uma inequívoca diferença entre cartoon e ilustração de imprensa. Mas do ponto de vista editorial, tenta-se saciar os olhos do leitor. Só os olhos, não o resto da cabeça. Os jornais de hoje não estão ao serviço do leitor nem sequer ao serviço de causas ideológicas; estão ao serviço de estratégias de mercado. A sátira possível é aquela que o editor autoriza, editor nomeado mais por um critério de conveniência do que por um critério de competência".

Siro - Espanha
Siro Lopez (Espanha) acrescenta: "O humorista gráfico deveria denunciar claramente esta realidade hipócrita mas não pode ou é-lhe difícil por falta de publicações independentes. Os editores dos jornais de opinião não aceitam uma sátira feroz contra os poderes, porque há interesses criados que uns e outros querem manter". Os fácies podem mudar, mas o poder mantêm-se com os mesmos defeitos, com os mesmos truques demagógicos, as mesmas promessas por cumprir, as mesmas artimanhas de controle, por isso os alvos das sátiras mantêm-se ao longo dos séculos, como confirmam as respostas à terceira questão.

Wagner Passos - Brasil
O que mudou ultimamente, como refere Wagner Passos (Brasil), foram alguns "sistemas políticos que inibem a possibilidade de se encontrar alvos concretos". Hoje o poder está cada vez mais escondido em sociedades anónimas. Em relação à questão sobre a fuga do humor irreverente para o anedotário, artistas há que consideram na realidade uma desistência do humorista perante a opressão, enquanto outros preferem defender que é uma alternativa irónica de retratar a vida. Mais vale anedótico que calado?

Alexandre Barba - Espanha
Toda esta questão de controlo dos media por poderes inquestionáveis, leva a conversa sempre para a questão de se há, ou não censura. "Há sempre censura. - escreve Alejandro Barba (Espanha) - Sempre que haja alguém por cima de outro, em qualquer aspecto da vida, tentará que o de baixo não rompa a ordem piramidal, sobretudo pelo medo de cair do alto. Mas por outro lado, com engenho pode-se vencer essa opressão, e é precisamente esse sentimento de que há algo a combater, que realiza grandes trabalhos". É consensual a existência de "censuras", seja descrita como medo de perder o emprego; respeitar as linhas programáticas da administração do periódico; obedecer às ordens políticas do poder.

Omar Zevallos - Perú
Omar Zevallos (Perú) escreveu: "a censura existe pela simples razão de que os donos dos meios de comunicação sempre procuram agradar a certos círculos de interesses, a certos políticos que os protegem".

Siro - Espanha
Siro Lopez, nesta questão tem uma atitude um pouco diferente: "Nos regimes democráticos não existe censura nas publicações independentes, e nos jornais de informação. Quando editor, director e humorista são inteligentes e competentes, há um pacto tácito, um entendimento para não ultrapassar o que a maioria dos leitores esperam. Penso que fazer o trabalho adaptado ao meio de comunicação em que trabalhamos não é auto censura, senão racionalidade e responsabilidade".

Martin Turner - Irlanda
Martin Turner (Irlanda) é complacente com a questão: "faz parte do trabalho estar limitado aquilo que nos é imposto, tentando alterar até ao aceitável".

Derkaoui Abdellah - Marrocos
Por seu lado Derkaoui Abdellah (Marrocos) reclama que "a única censura válida deveria ser a consciência do cartoonista, devendo-se criar sem quaisquer repressões, sejam elas políticas, religiosas ou económicas… A mensagem deverá ser transmitida livremente sem insultar pessoas, ou incitá-las à guerra, ao racismo, ao ódio". Esta discussão leva-nos finalmente à origem deste trabalho, ou seja deve haver ou não temas tabus, temas eticamente proibidos? Deve-se aceitar que minorias controlem a Liberdade de expressão e pensamento? Claro que não, respondem todos. Grupelhos religiosos, políticos ou sociais não têm o direito de limitar a liberdade. Apenas a Lei, ou a Declaração Universal dos Direitos do Homem pode ter esse poder.

Wagner Passos - Brasil
Contudo, como escreve Wagner Passos (Brasil) "há limites para tudo. O limite é a racionalidade humana de respeitar raças e religiões, dentro de suas crenças benéficas para a sociedade".

Marlene Pohle - Alemanha
Marlene Pohle (Alemanha) vai mais longe: "Lutamos contra a estupidez humana ou contra as instituições que restringem a nossa dignidade, não contra o pensamento ou as crenças dos indivíduos."
O problema é a hipocrisia de certas minorias, que utilizam as suas diferenças para desviar a atenção dos seus actos de terrorismo ideológico, ou mesmo material.

Juan Mora - Espanha
Como sentencia Juan Mora (Espanha), "se o tema é tabu, é porque por detrás há alguém que esconde algo, e só isso já é motivo de reflexão". Temos também o problema da globalização que adultera a fronteiras culturais, que mescla tradições e formas de viver, pondo em conflito aberto estruturas reservadas de sociabilidade. Quando um jornalista/cartoonista se dirige ao seu publico alvo, aos leitores tradicionais do seu periódico não pode estar limitado a pensar que esse jornal pode viajar quilómetros e entrar em rota de colisão com leitores de outros jornais, de outras culturas, de outros mundos. Quem é afinal o leitor alvo? Todo o universo? Impossível.

Eduardo Welsh - Portugal
Para Eduardo Welsh (Portugal) "não existem temas eticamente ignoráveis, o que existe são formas eticamente reprováveis de tratar certos temas".

Nando - Argentina
Nando (Argentina) complementa: "o humor gráfico é um instrumento muito útil, para despertar consciências sobre os temas tabu. Quanto aos temas éticos, costuma ser mais difícil de tratar e por vezes mais complicado trabalha-los pelo lado humorístico. Pode causar um efeito contrário ao que se pretendia". Esta dificuldade de tratar certos temas leva-nos à questão seguinte, ou seja a questão da rolha que a sociedade actual construiu como ideologia neo-democrática (ou neo-liberal): "O politicamente correcto".

Tatyana Tsankova - Bulgária
"Politicamente correctos para quem? – pergunta Tatyana Tsankova (Bulgária) - Para que sectores da sociedade? Factos em si não podem ser definidos como correctos…".


Zé Oliveira - Portugal

Zé Oliveira (Portugal) joga com os dois lados, procura ser correcto e incorrecto: "Tento ser politicamente correcto (até certo ponto…) com o leitor. Mas não com os visados. Com esses, é necessário sermos politicamente incorrectos. Eles também o são, embora digam o contrário".

Raquel Orzuj - Uruguai
Raquel Orzuj (Uruguai) resume o pensamento geral: "o humor não deve ser politicamente correcto ou incorrecto, deve sim ser provocativo, desafiante, lúdico e sobretudo corajoso!". Esta ideia leva-nos ao ponto seguinte, se o humor é elemento importante do cartoon.

Andrey Feldshteyn - Rússia
"Adoro que as pessoas se riam dos meus cartoons. - escreve Andrey Feldshteyn (Rússia) - Se tirarmos humor aos desenhos, continuarão a ser cartoons? Creio que não. Tornar-se-ão desenhos políticos ou filosóficos (o que também não é mau), tornar-se-ão noutro tipo de desenhos".

Martyn Turner - Irlanda
Martyn Turner (Irlanda) acrescenta: "Se conseguir ter humor é preferível, porque assim as pessoas recordarão melhor o nosso trabalho". Há muitas formas de fazer sátira, mas todos concordam com a questão final, ou seja que o cartoon é fundamentalmente uma forma de obrigar as pessoas a pensarem sobre o assunto, em que o humor é um lubrificante para que o pensamento deslize com maior suavidade. A sorrir ou a chorar, o cartoon deve sim é fazer pensar.

Stane Jagodic - Eslovénia
Stane Jagodic (Eslovénia) "eu procuro dar ênfase ás ideias que provoquem um misto de lágrimas e riso, satisfação espiritual/moral: riso interior".

Kap - Espanha
Mas haverá sentido de humor na sociedade actual, questiono eu no 8º item. "Na nossa sociedade actual - escreve Kap (Espanha) - detectei uma regressão no sentido de humor, quer dizer, a maioria prefere o riso de sal gordo, o riso grotesco, a gargalhada primária do grosseiro e da falta de respeito, o riso dirigido ao estômago, em vez do humor subtil, da ironia inteligente, em vez do sorriso amável dirigido ao coração e ao cérebro".

Stane Jagodic - Eslovénia
Dentro da mesmo linha céptica, Stane Jagodic (Eslovénia) escreve - "O que a sociedade capitalista moderna quer, é o riso insípido provocado por infelizes programas humorísticos de TV e tablóides de imprensa. O consumidor do esplendor global não exige riso inteligente, eles necessitam de entretenimento animal".
Nem todos são tão derrotistas, mas o pessimismo domina, porque o dia a dia assim nos obriga. Só o facto das publicações de índole humorístico não sobreviver, já um veredicto do humor actual na sociedade contemporânea. A questão seguinte, foi saber até que ponto o humor é um acto de inteligência, ou um acto de má educação, de grosseria social.

Brito - português em Espanha
Brito (França) corta logo a questão: "Má educação é não saber rir!"

Banegas - Honduras
"Rir-se é desmistificar as coisas". - escreve Dário Banegas (Honduras) - Não há nada sério, nem mesmo a morte, que não possa ser abordada com humor".

Farid Ouidder - Marrocos
Farid Ouidder (Marrocos) reúne a unanimidade das ideias: "Claro que é um acto de inteligência. A meu ver, rir hoje, pode parecer como uma loucura por causa do que se passa no mundo: as guerras, os conflitos, a poluição… Rir da realidade pressupõe já uma boa apropriação da actualidade, um conhecimento profundo do que se trama pelo mundo e um desejo de fazer qualquer coisa, o mais singular que seja, para o remediar".

Zé Oliveira - Portugal
E os Políticos, sabem rir? Riem de quê? Todos estão de acordo, os políticos não sabem rir. Como pessoas podem rir-se dos outros. Como oposição sabem rir dos governantes, mas quando entram em funções governativas só riem para a fotografia, para a imagem eleitoral, roendo-se todos por dentro quando ouvem gargalhadas, e não sabem com que sentido, elas foram expressas. Como sempre, Zé Oliveira (Portugal) tem uma saída radical: "Os políticos da minha terra riem. Riem de quem os elege". Finalmente a pergunta do costume, a da banalidade, ou seja se os cartoonistas acreditam no futuro do cartoon. Se eles não acreditarem quem mais acredita?

Kap - Espanha
Kap (Espanha) escreveu:"O humor hoje não é nada importante dentro do jornalismo. Porém, o humor é muito importante para o futuro da humanidade".

Omar Zevallos - Peru
Omar Zevallos (Peru) acrescenta: "a humanidade necessita de rir para não morrer de angústia".

Siro - Espanha
"Não há nada mais importante que o humor no mundo intelectual. - escreve Siro Lopez (Espanha) _ O sociólogo Ernst Kris disse que o nascimento da caricatura no início do XVII foi tão importante para a liberdade de pensamento, como foi o descobrimento do telescópio por Galileu. O grande contributo de Cervantes à literatura foi anunciar a novela moderna com "Quixote", e, sobretudo, criar um género absolutamente novo: o humorismo, que haveria de dar os melhores frutos nos séculos posteriores. O humor em todas as diferentes manifestações –comicidade, sátira, humorismo, humor macabro, negro, etc.—é parte valiosíssima do património cultural europeu. O sentido de humor é a prova dos nove da nossa maturidade intelectual. Uma prova que nós deveríamos fazer cada noite, antes ou depois de rezar ao nosso anjo da guarda".

A esperança é a última a morrer. Ficamos com uma ideia, leve, do pensamento destes artistas. Não sei até que ponto, podemos globalizar as opiniões, porque cada país, cada vivência é um caso. Muita coisa ficou por ser dita, e principalmente ficou por se conhecer o lado do público. Até que ponto o leitor está interessado em manter o cartoon na imprensa. Porque é que os jornais de humor não têm leitores suficientes para os fazer vencer? Porque é que há cada vez menos publicações independentes, onde o politicamente correcto não é a linha editorial? Porque é que a sociedade está cada vez mais indisposta contra as irreverências, contra os que incomodam os políticos, as corrupções, os jogos de bastidores, as injustiças? Porque é que os cómicos, do stand up comedy, proliferam actualmente com suas brincadeiras de non-sense, impondo-nos uma sociedade de anedota, em vez de se fazerem anedotas da sociedade? Muitas questões para as quais não temos resposta. Será que alguém sabe mesmo?

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Partiu a 18 de Dezembro
Viva Conceição Cahu
Maria da Conceição Souza Cahu, uma das poucas mulheres-caricaturistas brasileiras, faleceu no passado dia 18 com 62 anos de idade depois de ter completado 40 anos de carreira.
Em 1992 tinha sido galardoada com o 1º Prémio (Categoria de Quadrinhos) no Salão de Humor de Piracicaba.
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Iniciada nas revistas da Editora Abril, transitou para a Folha de São Paulo, e depois para Jornal da Tarde, Visão, Saúde em Debate, tendo deixado colaboração dispersa também por Nova, Play Boy, Cláudia, Capricho e Placar, revista de desporto onde muitos leitores supunham tratar-se de umhomem.
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As palavras seguintes são de Bira Dantas (nhttp://neorema2.blogspot.com) e o desenho acima também.


MINHA HOMENAGEM À CONCEIÇÃO CAHU

É uma perda incrível. Eu conheci suas belíssimas charges, caricaturas e retratos em bico de pena (formidáveis) na Gazeta Mercantil na década de 80. E pude vislumbrar suas grandes charges da Copa em folhas inteiras de papel Schoeller no Instituto Rian, de Gualberto e Jal. Publicou recentemente uma HQ em parceria com Xalberto na Front, da Via Lettera. Eu a conheci na AQC (Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas SP), nos idos da década de 80. A reencontrei quando fiz um cartaz pro Dieese e ela havia feito o anterior, com influências peruanas na técnica de pintar com aquarela. Depois nos vimos na Merlin, uma livraria de HQ em Pinheiros onde o Jal tentava reagrupar os cartunistas de volta à uma associação. Lá toquei gaita e ela se emocionou com Asa Branca, vinha de uma família pernambucana repleta de músicos. Em 2000, fomos à Pizzada e nos reencontramos. Pela última vez. Conceição, artista incrível, ouça uma gaita triste que soa pra te alegrar, onde quer que estejas!

Bira

domingo, janeiro 07, 2007

As Bas Festas de Zé Manel Portugal Acabou de me chegar este desenho de Boas Festas remetido pelo Zé Manel (que se esqueceu de assinar) e dou comigo a necessitar de dizer isto aqui, a propósito deste desenho: Quando eu tinha 20 anos (e o Zé Manel tinha 22) já era seu admirador (hoje acrescento a isso o privilégio da sua amizade). Pois bem, quando eu tinha 20 anos, publicava a minha primeira entrevista profissional. Era com o Raul Solnado (já lá vão 40 anos, imaginem!) e a dado passo eu pedira ao humorista uma definição para Humor. Resposta: "Humor são cócegas na inteligência das pessoas".

Apreciem de novo o desenho do Zé Manel. Estão a ver por que é que o desenho dele me recordou Raul Solnado?

Zé Oliveira