terça-feira, janeiro 24, 2006

Carta para Rita Mascarenhas, porque morreu Rui Andrade

Olá Rita,

Como vão as coisas aí pela redacção do programa Contacto, da Sic?
Vou tomar a liberdade de tratar-te por tu, como é da praxe entre gente das redacções (e "exijo" reciprocidade, claro!).

Lembras-te quando, faz hoje uma semana, almoçávamos enquanto íamos afinando detalhes acerca da minha participação na edição de hoje do Contacto? Porque torna e deixa, coisa e tal, o tema do programa ia ser O Sorriso, uma ideia puxa pela outra e às tantas, dei contigo a anotar mentalmente a ideia de que um dia destes irias convidar o Rui Andrade para um Contacto cujo tema fosse de novo apropriado às coisas dos bons humores. Porque o Rui Andrade foi um dos portugueses que mais fizeram sorrir outros portugueses, escrevendo e interpretando diariamente a rubrica do Rádio Crime dos Parodiantes de Lisboa, para além de outras inúmeras rábulas que igualmente escrevia e interpretava na antena do Rádio Clube Português (e outras antenas). Ele era o inefável Ventoinha, adjunto do Inspector Patilhas, (seu irmão José) ambos coadjuvados pelo ajudante Buraquinho (Calati Santos).

...sabes qual foi a primeira notícia que me deu o meu amigo Hipólito quando a gente se encontrou uma hora e picos depois do Contacto de hoje, o tal cujo tema foi O Sorriso? Que tinha morrido o Rui Andrade. (Ele disse "o Zé Andrade", mas por engano, porque esse já nos deixara em 10 de Abril de 2002).

Que chatice, Rita! Já uma pessoa não pode ter uma ideia engraçada!
Mas a gente vinga-se da situação e, em vez de dedicar uma lágrima à memória de Rui Andrade, dedicamos-lhe, antes, um sorriso!

Ele vai recebê-lo, queres apostar? Porque isto é assim: ele, verdadeiramente, não morreu! Fala aí com os técnicos da propagação das ondas hertzianas, e verás que eles te explicam que a voz do Rui, do Zé Andrade, do Compadre Alentejano e todas as demais continuam a ser propagadas pelo éter além, até aos confins das galáxias, até aos confins dos tempos.

Viva Rui Andrade.

Abraços, Rita

Zé Oliveira

Nota
Os Parodiantes de Lisboa surgiram em 18 de Março de 1947, graças à determinação, persistência e genialidade de José Andrade, depois de acabarem as edições semanais de um jornal humorístico daquela época, intitulado "A Bomba". Além de José Andrade, estiveram também na fundação dos Parodiantes de Lisboa – Eduardo Ferro Rodrigues, Manuel Puga, Mário Ceia, Mário de Meneses Santos, Rui Andrade e Santos Fernando. Começaram com um programa denominado "Parada da Paródia", que ia para o ar às terças-feiras, às 20 horas, através da Rádio Peninsular, naquele tempo instalada na Rua Voz do Operário. Com o evento da publicidade, os Parodiantes de Lisboa, começaram a lançar novos programas, ainda nos Emissores Associados de Lisboa.

3 comentários:

Anónimo disse...

COMO ME RECORDO QUANDO ERA CRIANÇA COM O OUVIDO COLADO AO RADIO OUVIR OS PARODIANTES DE LISBOA, IA TAMBEM A CASA DE UM FAMLIAR QUE COMPRAVA O JORNAL A PARADA DA PARÓDIA, QUE PENA NÃO TER GUARDADO ESSES EXEMPLARES HUMORISTICOS


UM ABRAÇO


ABILIO

Anónimo disse...

COMO ME RECORDO QUANDO ERA CRIANÇA COM O OUVIDO COLADO AO RADIO OUVIR OS PARODIANTES DE LISBOA, IA TAMBEM A CASA DE UM FAMLIAR QUE COMPRAVA O JORNAL A PARADA DA PARÓDIA, QUE PENA NÃO TER GUARDADO ESSES EXEMPLARES HUMORISTICOS


UM ABRAÇO


ABILIO

Anónimo disse...

Curioso, no dia seguinte também li a notícia da morte do Rui Andrade, e comentei com os meus colegas a nossa conversa.
Tenho muita pena de não ter chegado a tempo...
Gostei muito da sua carta. Obrigada!
Beijinhos
Rita Mascarenhas