In Memoriam:
Vicente Vañó Ibarra
Cortesia de José Maria Varona (Ché) para Buraco da Fechadura
Através de um amigo e colega de ofício, recebi a triste notícia do falecimento, em 15 de Março corrente, de Vicente Vañó Ibarra, filho de Eduardo Vañó Pastor, criador de Roberto Alcazar e Pedrín, que foi a série mais extensa da Banda Desenhada espanhola e uma das de maior êxito (publicaram-se 1219 revistas entre 1941 e 1976).
Vicente naceu en Valência em Agosto de 1947 e iniciou-se muito novo na arte do desenho, pela mão de seu pai, com quem colaborou, juntamente com seu irmão Eduardo, na criação dos últimos episódios de Milton el Corsario. Também criou obra própria para a Editorial Valenciana, que se publicava em Jaimito (las aventuras de Juan Mestizo) e posteriormente na revista SOS.
Mais tarde quando, por razões de idade, Eduardo Vañó seu pai, deixou de desenhar Roberto Alcazar, Vicente (ajudado por seu irmão, mais especializado na cor) encarregou-se da continuação das façanhas desta personagem que ganhou mais prestígio graças à qualidade do seu desenho.
Por alturas de 1965, Vicente Vañó estendeu a sua actividade ao Reino Unido pela mão da agência Bardon Art. Mais tarde, em finais dos anos 70 e princípios de 80, desenhou para a Editorial Universo de Italia para para quem criou trabalhos que se publicaram nas revistas Monello, Albo, Intrépido e Bliz, podendo-se afirmar sem dúvidas que esta foi a sua melhor época, na qual, segundo contam os seus colegas, progrediu muito, chegando a realizar desenhos de grande qualidade.
Por último, trabalhou para Norma, que distribuiu as suas criações por vários países europeus. Alguns desses trabalhos foram publicados em Espanha; o mais conhecido foi Buscando la Muerte, que pode ser lido na revista Dossier Negro.
Com o tempo, Vicente acabou por abandonar a Banda Desenhada, supostamente para seu alívio, pois defendia que entre si próprio e o desenho existia uma relação de amor-ódio; amor porque, apesar de tudo, amava o seu trabalho, ódio pelas condições de dureza, não isenta de stress, em que geralmente se obrigava a trabalhar os desenhadores, os quais tinham de ver-se obrigados a uma grande produção para sobreviver. Nessas condições a profissão podia tornar-se maldita e havia momentos em que a atitude de separação dela (ainda que contra vontade, porque de algo havia que viver) representava uma libertação.
Mesmo assim, Vicente Vañó era um homem jovem e em aparentemente boa forma física. Nada fazia supor, portanto, que haveria de morrer tão cedo, mas a partir de certo momento passou a sentir-se mal, foi ao médico e diagnosticaram-lhe uma grave enfermidade em avançado estado, que depressa acabou com a sua vida.
No passado dia 16 de Março , um grupo de familiares, amigos e colegas pudemos dar-lhe o último adiós.
Descansa em paz!
J. M. Varona “Ché”
quinta-feira, março 30, 2006
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