sábado, novembro 25, 2006

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Humorista cubano em desespero
Armado de UZI, caricaturista Varela tenta tomar direcção de jornal em Miami


O caricaturista cubano de "El Nuevo Herald" José Varela entregou-se a à polícia de Miami, depois de permanecer armado no interior do gabinete do editor do diário, Humberto Castelló. Un portavoz da polícia de Miami confirmou que a situação terminara com a entrega de Varela às autoridades depois de ter permanecido entrincheirado e armado com uma pistola-metralhadora no gabinete de Castelló durante quase quatro horas. Os jornalistas Tomás García Fusté e Juan Manuel Cao, amigos de Varela, falaram com ele convenceram-no a entregar-se. García Fusté explicou ao canal de televisão 51, da cadeia Telemundo, que Varela o chamou por telefone e lhe declarou que que era ele o novo director do"Nuevo Herlad" e que pretendia acabar com os problemas do jornal.


Varela entregou-se à polícia sem violência, depois de ter explicado a um jornalista de "El Nuevo Herald" que estava "preparado para morrer e que se considera um homem morto". Varela, segundo explicou à agência Efe Rui Ferreira, jornalista do diário, exigia que se cumprissem tres pontos para entregar as armas: a renúncia do director de "El Nuevo Herald", Humberto Castelló, e do subchefe de redacção, Benigno Dou. En terceiro lugar, Varela, armado com uma pistola-metralhadora UZI, pedia que se "divulgue a verdade do exílio cubano em 'The Miami Herald'", reclamando também a renúncia do seu director, Tom Fiedler, que fez comentários depreciativos acerca dos exiliados cubanos em Miami que qualificou de "pequeños chihuhuas". Varela solicitava que o periódico "comece a tomar uma posição de respeito perante o exílio cubano", referiu Ferreira."Estou sereno e tratando de concentrar-me tanto quanto possa", disse Varela em conversa telefónica com Ferreira."Varela, que está só, pidiu para falar com o padre Alberto Cutié (sacerdote católico da comunidade hispana dos EUA)", acrescentou Ferreira. Varela entrou na redacção cerca das 10.40 (15.40 GMT) vestido com uniforme militar camuflado e óculos escuros e, depois de sustentar uma discução com um dos editores de fotografia, dirigiu-se ao gabinete do director, que estava vazio, onde se entrincheirou. Varela, que écinturão negro de kárate, tem dois filhos e desde há três meses está separado de sua esposa.



O edifício do jornal chegou a estar evacuado, com funcionários e polícias no exterior. Entretanto, o caricaturista declarava que não faria reféns.
A dado passo, afirmou por telefone a um colega: "Estás a falar com o novo director do jornal, e estou aqui para desmascarar os verdadeiros conflitos do periódico. Aqui enganam-se os exilados, há problemas com os salários".
Varela acrescentou, para justificar a sua atitude, que "se sentia inseguro na área de Júpiter (uma localidade a norte de Miami), para onde se havia mudado, após o divórcio".

Foto 1: Redacção do Miami Herald
Foto 2: Funcionários e polícias no exterior do jornal, durante o incidente
Notícia enviada por Dario Banegas (Honduras)

Comentário
Um caricaturista é um trabalhador com tanta obrigação de se comportar com bom senso como qualquer outro cidadão. Mas parece que existem alguns que levam demasiado à letra as situações que imaginam e desenham, como se fosse possível passarem a sua própria vida para dentro da cercadura dos seus desenhos e viverem ali, em carne e osso, as suas aventuras de rambos, tal qual as inventam nos seus cartoons metafóricos.

A vida não é uma metáfora.

Quase ao mesmo tempo que este caricaturista vestia um camiflado e empunhava uma UZI para "tomar de assalto" a direcção do "seu" jornal, um rapaz na Alemanha suicidava-se depois de ter espalhado o terror nos corredores de uma escola com a sua metralhadora e, também ele, vestindo camuflado militar.

Durante três anos, fui obrigado a vestir um camuflado militar (um ano em Portugal e dois em Angola). E não me ficaram saudades dele. Nem desejo conquistar coisa alguma à força de G3, que foi a espingarda-metralhadora que melhor me ensinaram a manejar.

As armas são como os cigarros: só existe um proveito em ter fumado, que é saber quanto tem de maléfico o tabaco. E não desejo esse proveito a ninguém.

Zé Oliveira

1 comentário:

Rui disse...

Ze' Oliveira, nao nos conhecemos mas e' interessante que um portugues, como eu, se interesse por este incidente. Um abraco,
Rui Ferreira
El Nuevo Herald