sábado, abril 22, 2006

Entrevista com Juan José Carbó Gatignol
Carbó, Notário de Humor
e associativista convicto
Cortesia para Buraco da Fechadura:
José María Varona "Ché"
Entrevistador e entrevistado são membros da FECO - Espanha e da AACE


Juan J. Carbó nasceu em Sueca (Valência) em 1927 e desde a sua mais tenra infância demonstrou grande interesse pelas belas artes, tendo acabado por acumular a profissão de desenhador com o seu trabalho de funcionário da Segurança Social de Valência que exerceu durante 48 anos (entre os 17 e os 65 de idade).

Recentemente a Universidad de Alicante concedeu-lhe, juntamente com o desenhador galego
Xaquín Marín, o prémio Notário de Humor, um dos mais apreciados no mundo do humor gráfico.
Todas as quintas-feiras, os membros e simpatizantes da
AACE (Associación de Autores de Cómic) reunimo-nos em Valência, oportunidade que aproveito (tal como tenho feito com outros companheiros) para lhe fazer uma entrevista.

- Amigo Carbó, nasceste en Sueca em 1927… Em que data?

- Nasci no dia de S. José, 19 de Março.

- Desde quando te interessas pelo desenho?

- Desde muito pequeno; sempre tive a impressão de que gostava de desenhar, e para me dar confianza tive a meu lado o meu professor de desenho Don Alfredo Claros, um pintor competente no seu trabalho e que através dele alcançou notoriedade.

- Quando inicias a tua carreira como profissional?

- Em 1939 mudei com a família para Valência. Aí continuei os meus estudos de desenho na Escola de Belas Artes de San Carlos, mas como tinha de trabalhar, só assistia às aulas, que eram livres, à tarde e à noite, até 1949, ano em que inicio minha colaboração com a revista Cubilete da Editorial Gong de Valência, onde crio a personagem Homobono e onde permaneci até ao seu encerramento que acontece sem que se perceba porquê, já que a dita revista, que tinha uma equipa estupenda, se vendia muito bem. O tempo que aí passei foi muito positivo porque estive rodeado de excelentes profissionais: Frejo, José Luis Macías, Alberto Peris e alguns outros com quem voltei a encontrar-me no meu período da Editorial Valenciana.

- Em que ano começas a colaborar com a Editorial Valenciana?

- Em 1950 estava na tropa e, estimulado por Alamar, um desenhador amigo, apresentei-me na referida Editorial com uma série de trabalhos que foram analisados por Soriano Izquierdo (naquela altura, a alma máter de tudo aquilo) e que aceitou de imediato, pelo que me comecei a trabalhar com eles imediatamente. Minhas personagenes foram Robustiano Fortachón e El Penado 113. Mais tarde quando apareceu Pumby também colaborei nessa publicação para a qual criei a personagem Ivanchito. Pouco depois, fiz capas para essas duass revistas. Desenhei para eles ininterruptamente até ao fecho da Editorial.

- Fala-me de umas páginas de divulgação que realizaste igualmente para a Valenciana, no teu estilo simples e conciso, narrativa fluida e teu traço muito seguro. Em que consistia esse trabalho?

- Eram páginas de cujo texto e desenho eu me encarregava e que se publicavam no Jaimito, em que divulgava regras de circulação viária, biografias de personagens célebres, notícias, curiosidades em geral e informações de tipo desportivo. Era algo de que gostava, pelo que me especializei no género.

- Além da Editorial Valenciana, desenhaste para mais alguma editorial espanhola?

- Sim, para a Editorial Bruguera de Barcelona, exactamente para a revista Pulgarcito. A personagem que ali me tornou conhecido foi Plácido Guerra.
Nos anos 80 colaborei no suplemento Pipa de EL Diario de Valência. E na revista para adultos Reseso da Editorial Maga; e também, durante alguns anos, fiz desenhos para a revista
fallera El Coet.

- Por que fechou a Editorial Valenciana, questão que levantou grande polémica? Até que ponto isso te afectou?

- Só me afectou até certo ponto. O encerramento afectou a todos, mas o meu caso era diferente dos outros, já que eu era funcionário da Segurança Social e tinha no desenho uma actividade complementar que me dava a ganhar algo mais; situação diferente da de outros companheiros para quem o desenho era toda a sua vida.

- Que fizeste a seguir?

- Como os outros, mantive viva a chama colaborando de forma esporádica em determinadas publicações. Muitas das vezes sem a preocupação do lucro. Passado algum tempo surgiu a AACE com a qual me vinculei de imediato, o que me permitiu participar na exposição Tebeospain que tanto êxito teve e que propiciou que pudesse reunir-me de novo com antigos companheiros e também com os jovens talentos (de tudo isso existe na citada associação), o que me deu muito gosto.

- Recentemente a Universidad de Alicante concedeu-te o prémio Notário de Humor. Que significado tem essa distinção para ti?

- Algo que me dá uma grande satisfação. Quando fui receber o prémio a Alicante, senti-me muito aconchegado por colegas, e também pelas autoridades académicas que me entregaram o prémio e me colocaram a correspondente beca. Ao falar com o vice-reitor Sr. Pradells, ele comunicou-me que conhecia perfeitamente os meus desenhos que recordava com muito carinho. Realmente depois de coisas assim, sentimo-nos reconhecidos vendo como um montão de anos de profissional, não caíram no anonimato.

- Incorporaste-te na Associação Internacional de Desenhadores FECO e também na AACE. Nesta altura, o que é que isso pode trazer-te?

- De material, pouco, mas dá-me satisfação encontrar-me de quando em quando com os antigos companheiros que felizmente ainda vivem; e também com os profissionais jovens que me ajudam a compreender como vive e se desenvolve o mundo do desenho actual.

Dito isto, despedimo-nos dizendo ¡hasta la vista! O que equivale a dizerr ¡até à próxima quinta-feira! Em que felizmente voltaremos de novo a ver-nos no lugar habitual de reunido.
Felizmente Juan José Carbó Gatignol "Carbó", apesar da idade, possui uma excelente saúde e ânimo para participar nas reuniões onde se discute qualquer tema que possa surgir.

Abril de 2006

1 comentário:

Anónimo disse...

Tiene cara de buena persona