Já foi Rico e agora publica
livro sobre a Guerra Colonial
Começando pelo fim da história:
Andavam por aí os investigadores destas matérias a tentar descobrir a quem pertencia a assinatura "Rico", que rubricara centenas de cartoons semeados pelas páginas de várias publicações, mas o mistério apresentava-se mais difícil de solucionar do que identificar o Zorro que assina Z!.
Mas os manuais policiais dizem que todo o criminoso tem o seu momento de deslize.
Quando tomei conhecimento de que tinha saído um livro de ficção-quase-realidade sobre a Guerra Colonial de Angola, corri a comprá-lo. Das suas características falo mais abaixo, mas para já adianto que Antunes Ferreira - o autor do livro - cometeu o tal deslize fatal de incluir no curriculum (na badana) o seu passado como cartoonista.
Cheguei a admitir que ele fosse o igualmente misterioso Ferra (fazia sentido que um Ferreira assinasse Ferra; e são contemporâneos). Mas depois, como o Antunes Ferreira também se chama Henrique, admiti que pudesse ser ele o Rico.
E atirei-lhe uma casca de banana: como descobri uma caricatura dele (num grande desenho de duas páginas do "Lacrau" que continha 15 caricaturados da autoria do Nando criador do Zé da Fisga, Nando que também aparece no grande desenho mas em fotografia e com um balão a referir-se ao Rico) remontei a foto do Nando e a caricatura do Antunes Ferreira, eliminando todo o restante conteúdo da página dupla. Publiquei-a em http://lumege.blogspot.com. E o Antunes Ferreira correspondeu à insinuação, confessando ser ele o Rico.
Afinal, isto já é regra! Os Ricos não gostam que se saiba que o são!
Sem rodeios de linguagem ou enredo, estes mais de trinta textos poderiam ser relatos verídicos de episódios ocorridos, porque os houve tal e qual assim, repetidos, entre 1961 e 1974. Mas Antunes Ferreira não chega a chocar-nos com as notas de realismo que imprime à prosa, porque sabe "cortar os planos" a tempo. Ou intercalar notas de humor que desdramatizam no momento certo.
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