
Rodrigo de Matos é licenciado em Jornalismo pela Universidade de Coimbra e posteriormente tirou um curso de Cartoon em Madrid. Regressado a Portugal, é responsável pelo Humoral da Hiatória em www.expresso.pt
Buraco da Fechadura desejaria que nunca morresse nenhum humorista. Para que o mundo fosse cada vez mais alegre e cada vez mais justo; (talvez a máxima alegria resida na [utopia da] justiça). Mas, quando morre um humorista, Buraco da Fechadura sente-se no dever de dar a notícia. E desejar que ele continue a viver; nos desenhos que nos deixa.
Morreu Fontanarosa
Viva Fontanarosa
Roberto Fontanarrosa morreu ontem, 20 de Julho, com62 anos. Não resistiu a uma doença neurológica que o foi enfraquecendo aos poucos, mas manteve sempre o seu humor até ao fim. "O Negro", como era carinhosamente tratado pelos colegas, criava um humor revolucionário apoiado nas suas personagens "Inodoro Pereyra", "Boogie el aceitoso" e outras, através das quais fazia passar a sua visão irreverente do mundo.
Fontanarrosa é um grito de humor universal.Se na Argentina era conhecido pelo seu trabalho no Clarín, no resto do mundo era famoso pelos seus livros de desenhos de humor (especialmente sobre futebol), mas também pelos seus anti heróis ”, para além dos seus contos humorísticos como "El mundo ha vivido equivocado", "Palabras iniciales", "19 de diciembre de 1971”… Fontanarosa começou por trabalhar sete ou oito anos em publicidade, embora desde muito pequeno estivesse orientado para as histórias em quadradinhos. "Mas não as histórias de amor, e sim as de aventuras", como ele próprio afirmaria. Nalguns esboços que fazia, especialmente para as campanhas de publicidade de Natal, Fontanarrosa descobriu a sua linha humorística. E concluiria: "Aí dei-me conta de que era o que mais me interessava, divertia-me muito mais que o desenho publicitário clássico".
Outras afirmações suas (sem tradução, para manter a total carga irónica): "De mí se dirá posiblemente que soy un escritor cómico, a lo sumo. Y será cierto. No me interesa demasiado la definición que se haga de mí. No aspiro al Nobel de Literatura. Yo me doy por muy bien pagado cuando alguien se me acerca y me dice: me cagué de risa con tu libro".
O galego Leandro Barea (à esquerda) e o português Jorge Mateus posam recipocramente. (Foto Osvaldo de Sousa - http://Humorgrafe.blogspot.com
Zé Oliveira, coordenador do Buraco, participou com esta caricatura (extra-concurso).
Buraco da Fechadura não dispõe dos trabalhos premiados e só por isso os não divulga.