sábado, setembro 30, 2006

De Zé Oliveira Portugal
De Lailson Brasil

De Ché Espanha
De Luca Portugal ("Luca" é pseudónimo de uma equipa de dois autores alentejanos)
Exposição itinerante
Desenhos e Liberdade de Expressão

Por J. M. Varona “Ché”
(Adaptado, titulado e resumido por Buraco da Fechadura)


Inaugurou há algumas semanas em Aldaya, Espanha, a I Muestra de Humor Gráfico Libertad de Expresión. Para além do público e entidades locais, esteve presente o presidente da FECO-España Juli Sanchis i Aguado. Lembramos que FECO, uma das entidades patrocinadoras da exposição, é uma organização internacional federativa de caricaturistas. Durante a inauguração, os caricaturistas valencianos José Lanzón e Joaquín Aldeguer entretiveram o público visitante fazendo caricaturas à esquerda e à direita.
Esta exposição, que é itinerante, esteve em Setembro em Jerez de la Frontera e em Novembro estará na cidade de Alicante.

Mena ainda colaborou
São 196 os desenhos seleccionados, dentre os 377 enviados por artistas de 41 países. Entre eles, há um que me impressiona, o de Mena, talvez porque foi enviado por ele apenas uns dias antes da sua morte (noticiada por Buraco da Fechadura).


Liberdade condicionada

Em Espanha, os meios livres de comunicação são cada vez menos, já que são cada vez mais os grandes grupos de comunicação, nos quais, naturalmente, imperam interesses políticos e económicos acima de outros. Não há ideais, há interesses que ocultam ou deformam a realidade e minimizam os erros segundo o que convenha ao amigalhaço de turno, o que deu aso a que possa existir o comunicador “da treta” e o comunicador preocupado por não deixar a sua família sem sustento ao fim do mês, o que o obriga a autocensurar-se, etc. etc. e não prossigo, porque dava para uma enciclopédia.

Ante desta situação, vem ao meu pensamento alguém que dizia: com Franco, com Suárez, com Calvo Sotelo, com González e não digo com Aznar, desenhávamos mais e melhor; mas neste momento, por desgraça, muitos recuperámos o receio de expressar o que realmente sentimos.

sexta-feira, setembro 29, 2006

quinta-feira, setembro 28, 2006

Banegas por Zé Oliveira
... e Lula por Banegas

Apesar dos seus jovens 35 anos, Banegas está a comemorar 20 anos de carreira! E para assinalar a efeméride, vai publicar-se nas Honduras um livro com as melhores produçõers do caricaturista que todos os dias publica um cartoon na capa do La Prensa do seu país. Buraco da Fechadura já falou disso, mas a novidade de hoje é esta caricaturade Dário Banegas assinada por Zé Oliveira, que fará parte desse livro.
De Lailson Brasil
De Ché Espanha
De Banegas Honduras
De Zé Oliveira Portugal Este cartoon, que focaliza a futilidade escravizante de algumas mulheres, foi criado pelo coordenador do Buraco da Fechadura para a XIII Mostra Internacional de Humor de Alcalá de Henares, que inaugura no próximo dia 16. Mas foi substituído por outro, que aqui será publicado depois do Encontro de Alcalá (porque a sua divulgação de antemão não seria eticamente correcta).

Zé Oliveira e António em Alcalá

Este ano, a participação de Portugal no Encontro Iberoamericano de Caricaturistas de Alcalá de Henares corre por conta de Zé Oliveira (Regão de Leiria) e António (Expresso), tendo ambos um desenho na XIII Mostra. Ainda está em dúvida se Varella participa ou não.
De Marisa Babiano Espanha Marisa Babiano, que abraçaremos dentro de dias em Alcalá de Henares, é cartoonista do Diário de Alcalá, onde publica diariamente.
O Jardim zoológico do Turcios
O Turcios, que os voyeurs do Buraco já conhecem de outros excelentes desempenhos artísticos, tem agora um blog que é um verdadeiro... jardim zoológico. Pode ser visitado em http://turciosanimal.blogspot.com

Turcios, que é colombiano, é marido da Nani (também já aqui divulgada várias vezes) e vivem com o seu filho em Alcalá de Henares (Madrid), onde o coordenador do Buraco os irá abraçar dentro de dias.

Não se esqueçam de visitar os animais do Turcios!

quinta-feira, setembro 21, 2006

De Zé Oliveira Leiria
De Oki Costa Rica
De Lailson Brasil
Omar apresenta livro
em Saint Just le Martel
e em Alcalá
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Omar Perez é um caricaturista argentino radicado em Ourense, Galiza. Será, provavelmente, o caricaturista estrangeiro que mais vezes se desloca a Portugal para participar nas iniciativas lusitanas em torno da Caricatura. Só Gogue, também da Galiza, poderá competir com Omar nesse aspecto.

Omar Perez acaba de se abalançar à edição do livro Humor Colateral, 48 páginas a cores, tamanho 23x22cm, que vai apresentar já na próxima semana em Saint Just le Martel (França) e em Outubro em Alcalá de Henares.

Os prólogos são do português Osvaldo de Sousa e do belga Jan op de Beeck.

Nestas coisas de fazer uma edição de autor, é improvável que se consiga recuperar o suficiente para pagar a factura da tipografia. Portanto, quem quiser ajudar a diminuir o défice do Omar, pode pedir um exemplar (ou mais!!!) para cartoon(arroba)omarperez.org

De Piedecausa Espanha

De cartoonista a
escritor premiado
Muitos de nós, caricaturistas, conhecemo-lo dos Salões Luso-galaicos de Caricatura que este professor do ensino secundário ajuda a organizar em Vila Real, onde reside. E alguns ainda se lembram do seu cartoon Ferraz o moscardo mordaz que dava um ar da sua graça nas páginas do Repórter do Marão.
Presentemente creio que já não desenha o Ferraz, mas escreve. Com talento premiado, assinale-se, como se pode ver por este recorte da última edição do Expresso.

Outro prémio
Mas não é a primeira vez que Pires Cabral é premiado, pois já em 1983 fora galardoado com o Prémio literário Circo de Leitores, atribuído ao seu romance Sancirilo.
Pires Cabral nasceu em 1941 numa aldeia de Macedo de Cavaleiros.

terça-feira, setembro 19, 2006

De Banegas Honduras
El Batrácio Amarillo vítima de perseguição
Autarcas de Motril não acham piada ao Humor
Os autarcas de Motril/Granada (Espanha) deveriam sentir-se orgulhosos por terem nos seus domínios uma revista humorística de excelente qualidade, como é El Batrácio Amarillo.
Porém, eles ignoram a verdadeira valia do Humor como instrumento lúdico, mas principalmente como instrumento consciencializador.

Em Motril, autarcas apostam em calar El Batrácio, boicotando a boa-vontade dos anunciantes, factores decisivos para a sobrevivência da revista.

Infelizmente, a nossa cada vez maior escassez de tempo impede-nos de traduzir esta carta aberta que o batráquio amarelo acaba de nos enviar. Pedimos a compreensão dos leitores.

El maravilloso Equipo de Gobierno del Ayuntamiento de Motril ha reanudado la estrategia que inventó el anterior alcalde Luís Rubiales consistente en visitar al mayor número de anunciantes del Batracio Amarillo para recomendarles amablemente que dejen de patrocinar una publicación tan dañina y satánica como El Batracio. En esta segunda entrega de amedrantamiento a los anunciantes del Batracio está encabezada por el amigo Francisco Pérez Oliveros (Concejal de Urbanismo) y el ínclito Pedro Álvarez (Alcalde de Motril). Por lo pronto han conseguido que se caigan dos patrocinios que llevaban cerca de 4 años ininterrumpidos en el Batracio. Debemos reconocer que ya han conseguido más que Luís Rubiales. Los que se anuncien ya saben que sus empresas puede que tarden más en conseguir determinados tramites administrativos o concesión de cualquier tipo de licencia, etc. Desde aquí agradecerles su fidelidad todos estos años. Comprendemos que sucumban a la presión de esta ralea de moniatos que gobiernan pero no sentimos admiración por ellos. Deseamos que nuestros hijos no lleguen a respirar el aire que se está dando lugar a que respiremos.

Que no cunda el pánico, buscaremos más clientes.


El Batracio amarillo interpreta este repetido gesto fascista hacia nosotros como una declaración de guerra por parte de estos politicazos. Acudiremos a ella, no lo duden. Atacaremos con el humor como bandera y fabricaremos jugadas, carambolas de tal magnitud humorística y mediática con las que devolverles, multiplicado por cuatro, semejante afrenta y prostitución política que nos regalan con tanta alegría y superioridad.

Efectivamente, se trata de David contra Goliat. La diferencia es que mientras el Batracio se mueve motivado por su exagerado compromiso social y su objetivo es el beneficio del pueblo, de la sociedad, del ser humano en definitiva; por el contrario esta caterva se mueve por motivos personales, inmediatos y de poco beneficio para la sociedad a la que se les exige deben servir.

Aguantaremos todos los estacazos que nos den, otra vez.

Seremos como los árboles de la ctra. De la Playa que cuando mueren lo hacen de pié.

Seremos todo esto en respuesta a lo que supone un atropello facistoide y un gesto que hace sentir vergüenza a la generación de mi padre, EL GATO, D. Antonio Martín Leyva, hijo de la Carmelina.

Lo haremos como homenaje a una generación que levantó este país y que ve como la misma bandera por la que luchó está siendo empleada para tirar por tierra parte de los avances sociales, laborales, económicos,…. que tantos palos tuvieron que soportar para conseguir. Homenaje a una generación que nació con un pié pisándoles la cabeza y, aún así, supo levantar un país muerto de hambre y de escopetas.

Una generación que votaba PSOE hasta cuando ganó la UCD.

Una generación que decidió votar en blanco hace 10 años por asqueo político y porque, según ellos, se debe votar aunque sea en blanco pues les costó mucho conseguir que se pudiera votar.

Los políticos actuales hacen que esta histórica generación de españoles se sienta estafada por los mismos que, junto a ellos, se partían la cara en las manifestaciones por las libertades y los derechos sociales y que ahora son irreconocibles a sus ojos cuando ven en lo que están convirtiendo a la población de este país.

Nuestra generación no cayó con un pié encima, no, al nacer caímos de pié.

Gracias a los que ahora tienen más de 50 años a nosotros no nos ha faltado ni leche de hormiga.

Somos la generación más ilustrada que ha dado nuestra historia.

Siento miedo y rabia cuando veo la cara de los niños de mi barrio y los imagino cuando sean hombres reprochándonos y exigiendo una explicación para justificar cómo les hemos dejado el patio de esta manera. Entonces me avergüenzo viendo como se está dando lugar a que no puedan sentir el mismo orgullo que nosotros hemos sentido por los méritos de nuestros padres.

No hay libertad sin movimiento

No hay democracia si no se enseña a cuestionar el poder establecido, sea del color que sea. La salud democrática requiere de ello.

La falta de grandeza de los dirigentes actuales hace que empleen un estúpido esfuerzo en mantener las aguas calmadas y molestar lo menos posible al poder superior (Sevilla, Madrid) motivados por sus particulares y mediocres aspiraciones políticas consistentes en ocupar un carguillo en la Junta o en Madrid que le permita abandonar su pueblo y poder seguir en el patio de las vanidades. Esta aspiración también se llama 3.000 e. mensuales aproximadamente, demostrando que su pobreza no solo es mental sino que además son pobres de bolsillo.

No quieren a su tierra, se quieren a ellos. Políticos mediocres.

Lo surrealista es que esta campaña que emprenden contra el Batracio viene motivada por habernos ido hasta Sevilla a regalarle un CONO a Manuel Chávez como agradecimiento por los 25 años que llevan haciendo la Autovía de la Costa y así pueda seguir tocándose el cono otros 25 años.

Fuimos montados en un burro que llevaba pegado un cartel que decía “VOTE AL BURRO” y una fotografía en A3 de Chávez colocada en la cara del burro.

No había una persona por Sevilla que viera la escena del burro y no esbozara, al menos, una sonrisa. Pues no, el sentido del humor no lo han desarrollado estos simios que hacen las labores de dirigentes.

Ante el peligro que representa tener a un simio gobernando, el Batracio propone que para que nos gobierne un simio amancebado y manso mejor que nos gobierne un burro noble.

Una especie la del burro que, a diferencia de la especie motrileña, está protegida

PROTEJAN A MOTRIL DE LOS BURROS, son un peligro.

Viendo que a esta gente no le gustan los burros, hemos pensado que próximamente vamos a sacar CUATRO BURROS con las fotografías de cada uno de los miembros del EQUIPO DE GOBIERNO pegadas en los lomos del burro y, la leyenda VOTE AL BURRO acabaremos convirtiéndola en el slogan de las próximas elecciones municipales.

Como siempre me ha dicho mi padre: “Las guerras no son buenas, pero si por lo que sea hay una guerra lo mejor es estar dentro y divertirse”. Así será.

Welcome to Motril desde el Batracio a los Príncipes de España que vienen el día 19.

Saludar también al Real Equipo de inteligentes que ha decidido, para que nuestras Artesas Reales puedan bajar de Granada sin enterarse de la mierda de carreteras que tenemos, ponerles un helicóptero real, como a Mariano Rajoy, para que aparque en el Puerto de Motril y rompa una botella contra un barco de guerra, creo.

Atentamente,
Javier Martín, editor del Batracio

sexta-feira, setembro 15, 2006

De Oki Costa Rica
De Lailson Brasil
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Este artigo é transcrito da última edição do Jornal de Negócios. Embora extenso, merece uma leitura atenta. Chama-se igualmente a atenção para o comentário, també transcrito do sítio do Jornal de Negócios
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A blasfémia
Alexandre Brandão da Veiga
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O caso das caricaturas de Maomé revela grandes ensinamentos e um dos menores não é o de aprendermos o que significa realmente o conceito de blasfémia e o que ela representa para a Europa.
É evidente que nesta área como em tudo é difícil generalizar, mas seria desonesto não tentar descobrir as linhas de força que estão por detrás desta questão. Isto porque o que seja a Europa também se define pela sua relação com a blasfémia.
Os filólogos ensinam que blasfémia se opõe a Eufémia, o que é compreensível. Que de origem significaria calúnia, má palavra e só mais tarde teria tido um significado derivado religioso. Que entretanto teria significado uma má palavra pronunciada num ritual. A blasfémia está sempre ligada ainda hoje em dia a uma ideia de ritual. São ainda hoje em dia os povos mais dados à pureza ritual que mais se preocupam com a blasfémia. Os indo-europeus talvez tenham sido dos povos mais centrados na pureza do ritual, mas igualmente os que mais recolheram críticas a uma concepção ritual do divino. A História do hinduísmo (seja lá o que isso for) mostra-o, mas igualmente o sucesso da religião menos ritualizada na sua base, o cristianismo, em espaço indo-europeu. E se o ritual manifesta necessidades profundas do ser humano, a sua tirania acaba por relevar da psiquiatria, de tiques obsessivos compulsivos. Ou deles vem ou neles degenera.
As crianças são ensinadas que a liberdade perante a religião nos veio da democracia, eventualmente da Revolução Francesa. A verdade é que também ensinamos às crianças que dois mais dois são quatro ou que o espaço tem três dimensões e é euclidiano, mas exemplos muitos simples podem-nos mostrar que nada disto é linearmente assim. O exemplo da dança das horas ou da mão de Lebesgue dão-nos provas simples de que no dia a dia trabalhamos com estruturas algébricas em que 23+3 são dois (três horas depois das 23h estamos às duas da manhã) ou, como Lebesgue mostrou, a mão tem uma geometria não euclidiana (repare-se que o caminho mais curto entre as unhas de dois dedos diferentes não é uma linha recta num mundo com a forma de uma mão).
O grave é o que ensinamos às crianças como pontos de apoio iniciais acabam por ser as escoras definitivas do seu pensamento. Quando vemos o homem público enunciar é confrangedor ver como as suas categorias mentais evoluíram muito pouco desde os seus seis anos.
É que a relação do europeu com o sagrado não se fez com a democracia. Este é mais um dos aspectos que mostra que ser europeu não é ser democrata. E que escondemos por detrás do conceito de democracia o que é ser europeu no fundo. Ser democrata é apenas uma das formas históricas da manifestação do que é ser europeu. A arrogância do europeu que julga a sua vida individual infinita no seu valor tem fontes bem mais fundas que a democracia. Por isso pode blasfemar.
Se bem virmos existe uma destrinça relativamente constante entre os europeus e os orientais na visão da blasfémia. A imagem da blasfémia é a do que atira pedras ao ídolo. O herético, até etimologicamente, é o sectário, o que se separa. O blasfemo é o que se põe à frente, o herético o que se põe de lado. Embora no mundo oriental, nomeadamente muçulmano, a heresia tenha sido fortemente perseguida (basta ver as lutas entre sunnitas e xiitas e karedhjitas, bem como o que o pobre do Averrois sofreu), a blasfémia impõe-se muito mais como crime que a heresia. O inverso se passa na Europa. Pôr-se de lado é bem mais grave que se pôr à frente.
Nunca é demais salientar que é um paradoxo ver como uma religião de origem semítica se tornou a religião que formou a Europa. Mas em parte isso deve-se ao facto de Cristo ser o blasfemo sagrado. Não cumpre o Sábado, dá-se com publicanos e prostitutas, diz que destrói e reconstrói em três dias o templo e pior que tudo, diz ser o Messias, o Filho do Homem. É natural que Caifás, o oriental, rasgue as suas vestes perante a sagrada figura. Caifás é oriental, como o muçulmano.
Também o nosso passado indo-europeu mostra o blasfemo como parte do sagrado. O «Lembra-te de que és mortal» do triunfo romano. O deus Ganesh que é gozado, Ares gozado por Homero na Ilíada, Zeus objecto de embuste, Afrodite e Ares alvo da chacota dos deuses depois da armadilha de Hefaístos.
No cruzamento, muita história de blasfémia na Europa já formada. As Pasquinate na Via del Babuino em Roma, gozando com a hierarquia eclesiástica até ao papa e mesmo as coisas sagradas, o inocente fado de Coimbra da samaritana que beija Jesus (lembro que Jesus para os cristãos é Deus, ao contrário de Maomé que é apenas um homem para os muçulmanos). O chiste contra o padre, o frade e a freira, contra a própria eucaristia (o «papa-hóstias») e assim por diante são lugares comuns na Europa sem que provoquem escândalo. O orgasmo místico de Santa Teresa de Ávila, o nada de Mestre Erkhart são tantos outros exemplos de blasfémias sagradas que, se suscitaram eles mesmos o ridículo, nunca marcaram a cultura europeia na perspectiva da blasfémia.
A que se deve esta diferença entre a Europa e o mundo muçulmano? Em primeiro lugar a uma diferença típica do mundo indo-europeu. Se o indo-europeu nunca perdeu a noção de transcendência sempre a ligou à intimidade. «Deus é pai» é válido muito antes do cristianismo no mundo dos indo-europeus. O indo-europeu sabe-se parente da divindade. As nossas raças são filhas de deuses, do Diaus Piter, ou somos todos primos de Jesus por via de Adão. Júlio César era descendente de Vénus, Platão descendente dos deuses, como todas as famílias reais da Grécia. As famílias reais e aristocráticas europeias fizeram genealogias mostrando que têm sangue de Cristo (quando por ironia há bem mais provas que tenham sangue de Maomé, sendo famílias sagradas para o Islão, mais que as dos meros chefes religiosos).
Só gente que se julga de ascendência divina se pode atrever a dizer tais coisas sobre o divino. E pode mesmo dizer que ele não existe. O semita, ou semitizado pelo Islão, tem uma concepção bem mais distante da divindade, mas que o aterroriza ou o deixa sem graça pelo menos. O temor e o tremor caracterizam-nos bem mais, o que vem desde a Babilónia dos deuses pouco dotados de amor pela humanidade, mais caracterizados pela grandeza e pelo poder que pela ordem benfazeja. Não há Dharma fora da cultura indo-europeia e muito menos Krishna ou Mitra-Varuna.
A possibilidade da blasfémia, igualmente a possibilidade de uma blasfémia sagrada, é facto indo-europeu e marcou a Europa, como a escatologia da divinação do homem na teologia ortodoxa bem mostra.
Revela a consciência do homem ser divino, participar do divino. E de uma associação entre transcendência e intimidade. O homem é companheiro de Deus. Por isso pode blasfemar.
O muçulmano, concentrado na blasfémia, apenas mostra a sua falta de confiança na divindade. Ela está longe e ele tem medo a todo o momento de a perder. O europeu pode-se chocar com a grosseria com o sagrado e mesmo revoltar-se, mas nunca foi base-mestra da sua cultura a perseguição da blasfémia.
É que esta obsessão com a blasfémia mostra o outro lado do muçulmano e do semitizado por ele: a falta de sentido de humor. A intolerância pode manifestar-se pela perseguição da heresia. A falta de sentido de humor, o desconforto de si, pela perseguição da blasfémia.
O que eu disse mais uma vez pode deixar o leitor a pensar que são meras especulações. Mas quando compara as dezenas de histéricos atacando um filme grosseiro e intencionalmente agressivo em relação à Virgem Maria em país de profundo catolicismo com os milhões que se levantam por causa de uma simples caricatura, percebe que estamos a falar de mundos bem diferentes, que vão dos países árabes até aos turcos, persas e indonésios.
Um mundo insatisfeito consigo mesmo, que quer manter a sua presença pela imposição, pela exigência do pedido de desculpas, sem confiança em si, sem intimidade com o divino e, se com uma nobre noção de transcendência, em suma sem nenhuma intimidade com ela. A sua relação com a divindade depende do constrangimento alheio apenas porque sente que esta relação tem bases frágeis. Se Caifás achasse Jesus um tonto não teria destruído as suas ricas vestes. Caifás duvida, tem medo de assentar a sua vida em fracas bases.
E um outro mundo onde alguns políticos europeus querem destruir o sentido de humor da Europa, porque bem sentem que bem podem mais dele ser vitimas que actores.

Comentário
NTC
Humor Negro
Essas caricaturas foram em número exagerado para serem aceites como simples caricaturas de imprensa, houve claramente a intenção de atingir a cultura religiosa dos povos do Médio Oriente, e incentivar o conflito entre as diferentes religiões no mundo.

O Bordallo Pinheiro de França
Daumier: 200 anos em 2008
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Quando fui à loja da Fábrica Bordallo Pinheiro das Caldas da Rainha adquirir a estatueta de Zé Povinho que os caricaturistas portugueses ofereceram ao Dr. Osvaldo de Sousa para assinalar os seus 25 anos de investigação e dinamização da Caricatura, apareceu por lá, meio perdido (ou nem tanto...), um casal de franceses que me pareceu andar a coscuvilhar questões de cerâmica (perguntaram-me em que zona de Portugal se produz cerâmica de grês). Conversa entabulada, perguntei-lhes se tinham alguma referência acerca do "patrono" da casa, Raphael Bordallo Pinheiro. Que não, disseram eles. Nem sabiam que a loja de cerâmica que estavam a visitar tem o seu nome definitivamente ligado ao maior caricaturista português. Surpreendidos com a novidade, propuseram a comparação: "Como Dumier?" Sim, é o Dumier Português. Quase quarenta anos posterior, mas não é descabida a comparação.
Agora, o JLCabañas mandou-me este endereço:
http://www.honore-daumier.com/actualites/default.asp?arId=1829 que nos leva ao sítio de "Les Amis de Daumier". E foi ao espreitar este sítio, que é iniciativa de uma associação, que me lembrei do episódio do casal de franceses que conheci nas Caldas da Rainha.


Honoré Daumier nasceu em Marselha em 26 de Fevereiro de 1808 e faleceu Valmondois em 1879.
Celebra-se, portanto, já em 2008 o segundo centenário do seu nascimento.
Acalentamos a esperança de que as autoridades francesas da Cultura criem para a efeméride de Honoré Daumier um programa que tenha um pouco mais de dignidade e de visibilidade do que teve o que se (não) fez em Portugal no ano passado, a propósito do centenário da morte de Raphael Bordallo Pinheiro

quinta-feira, setembro 14, 2006

Desde Alcalá de Henares
Carta de Nani Na foto, do arquivo de Buraco da Fechadura, Nani com Onofre Varela

Queridos amigos:

Em resposta à quantidade de mensagens que recebo desde Colômbia (onde actualmente não se publica a minha tira cómica " Magola”), perguntando onde se pode ver o meu trabalho diário, criei o seguinte blog: http://tiracomicamagola.blogspot.com/

Será actualizado todos os dias com a tira que está a ser publicada em Espanha e no México.

Fico à espera dos vossos comentários, que pode fazer na parte inferior de cada tira, assim como das vossas histórias pessoais que gostosamente converterei em tiras cómicas.

Beijos
Nani

Em Guimarães
Licenciatura em BD/Ilustração
Existe em Guimarães a possibilidade de obter uma licenciatura em Banda Desenhada e Iluatração. Para informações, nomeadamente a estrutura curricular, metodologias de ensino e o plano de estudos, consultar: www.esap-gmr.com Outros meios para contacto: Escola Superior Artística do Porto - Guimarães Rua Francisco Agra, 92 (Antiga Rua de Sta Luzia) 4800-157 Guimarães Portugal Tel: +351 253 410235 Fax: +351 253 519681 Direcção dir@esap-gmr.com Serviços Administrativos sadm@esap-gmr.com
De Martirena Cuba
De Marisa Babiano Espanha
De Zé Oliveira Portugal
De Lailson Brasil

terça-feira, setembro 12, 2006



De Zé Oliveira Portugal
De Banegas Honduras
De Martirena Cuba

segunda-feira, setembro 11, 2006

De Lailson Brasil

À especial atenção dos caricaturistas
Acerca do tema da "Muestra" de Alcalá
O humor gráfico é sempre uma actividade de... risco.
Tratando-se de um género de Comunicação Social, mas um género que trabalha com grande carga crítica, equilibrando-se no arame (sem rede!...) entre o ridículo por um lado, e a necessidade do respeito para com todos - até para com o visado - por outro, humor pisa muitas vezes o risco segundo uns, ao mesmo tempo que outros acham que, pelo contrário, estará a ser pouco audacioso.
Ao humorista, a quem todos atribuem a prerrogativa da irreverência, não se deve pedir que seja "politicamente correcto". O seu humor não pode ser conveniente para todos, pois deseja-se que seja inconveniente para alguns. É isso a sua razão de ser. Mas é suposto que o humorista em exercício saberá onde ficam as balizas da ética, da educação, do respeito, do bom e do mau gosto.
Escrevo isto a propósito de um artigo que se publica hoje no periódico espanhol Expansión.com a propósito da Muestra de Humor de Alcalá de Henares.
(Segue o endereço).
http://www.expansion.com/edicion/expansion/economia_y_politica/politica/es/desarrollo/685405.html
Não estou a tomar partido pelo artigo nem a rebatê-lo. Porque sou pelo pluralismo de ideias e porque, sendo eu um participante na "Muestra" (desconheço se o meu desenho esá seleccionado ou não) não deveria perorar em causa própria.

Quem quiser pronunciar-se acerca do artigo de La Expansión, pode mandar o seu comentário. Prometo editá-lo nesta página principal do Buraco da Fechadura.

Zé Oliveira

Para não esquecer Por cortesia de http://humorgrafe.blogspot.com, este testemunho do cartoonista Finha.

domingo, setembro 10, 2006

Ganhei um livro do JAL Estou todo contente! Ganhei um livro do JAL!
Para quem não saiba, trata-se de um conhecido cartoonista brasileiro que já esteve no Festival de Banda Desenhada da Amadora (nos tempos gloriosos da Fábrica da Cultura). Uma personagem interessante que, duranta a sua estadia em Portugal, decidiu alugar um carro por um dia e fazer uma viagem-relâmpago por Sintra, Tomar, Fátima, etc. E fala-nos hoje com entusiasmo acerca do nosso património (que nós tão pouco valorizamos... Que tão pouco fazemos render turisticamente... Que tantas vezes abandonamos criminosamente...)

Mas o caso é que...

Mas o caso é que, ao tomar conhecimento de que o JAL tem uma experiência interessante num blog, experiência essa que consta de um concurso (ele "dá" o desenho e o leitor imagina o balão, com direito a prémio para o melhor), decidi fazer a brincadeira de participar com o cartoon acima. E em boa hora o fiz, porque estou agora ansioso dia após dia, na hora da chegada do carteiro, à espera do livro que ganhei. (Entre os leitores anónimos que habitualmente vencem, já apareceu vencedor o conhecido cartoonista Amorim).

Façam o mesmo! Visitem e participem! é em http://jalcartoon.nafoto.net

Zé Oliveira