quinta-feira, junho 15, 2006

Um balde de Baba de Camelo para Bruno
O Buno Taveira conta que a ideia para este cartoon lhe surgiu quando foi ao aeroporto levar os pais que partiam de férias para a Tunísia.

Óh Bruno, eu não quero enganar-te dizendo que esta ideia está bem achada, porque na verdade está muito longe de ter humor - desculpa a crueldade destas palavras. Não estamos perante um cartoon, estamos sim perante um comentário displicente que não possui carga crítica nem sequer um pouco de ridículo. Não satiriza nada nem ninguém nem contém ironia. Também não é um exemplo daquilo a que os espanhóis chamam "Humor Branco", porque lhe falta uma ambiência de non-sense bem resolvida ou, no mínimo, uma certa graciosidade gráfica.
Aconselho-te a leres atentamente bons livros de cartoon e de técnicas gráficas para produzir humor. E, ao mesmo tempo, tens de cultivar a tua argúcia e a tua percepção de todas as circunstâncias sociais (inclusivé políticas) que te rodeiam.
O cartoonista é um jornalista. Um cartoon é uma crónica (mas uma crónica bem mais difícil de elaborar do que uma crónica escrita).
Um cartoonista tem obrigação de escrever tão bem como um jornalista da palavra. Ou escrever melhor, porque ao redactor... o revisor corrige os erros; corrigir erros ao cartoonista é mais complicado, por se tratar de erros desenhados. Peço-te outra vez que não te zangues, mas um cartoonista não pode escrever "TRÁS-ME" num balão. Mal vai este país, quando um estudante do ensino superior ou equiparado - um estudante que já deu aulas - tem dificuldade em escrever os tempos do verbo trazer. E a culpa maior não é do estudante.
(E é num país assim, que vamos assistir à avaliação dos professores feita pelos pais das criancinhas, sejam eles minimamente capazes ou pura e simplesmente analfabetos... Mas isto é outra conversa...)

Zé Oliveira

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