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Faleceu Vasco Granja, na madrugada de hoje, em Cascais, com 83 anos.
Nascido em Campo de Ourique (Lisboa) a 10 de Junho de 1925, apresentou filmes de desenhos animados nos primeiros an os da televisão portuguesa, acab ando por iniciar em 1974 o programa "Cinema de Animação", na RTP, que viria a ter mais de mil emissões, durante 16 anos.
Do balcão aos cineclubes
Aos 15 anos de idade, trabalhava nos Armazéns do Chiado. Primeiro ao balcão, depois no departamento de publicidade. Pintou cartazes com anúncios para as montras, mudando para a Foto Áurea, na Rua do Ouro, em Lisboa. Visitava frequentemente a Biblioteca Nacional, interessava-se por museus, pintura e desporto. E cultivou, desde a infância, uma paixão pelo cinema. Nos anos 50, em pleno fascismo, associou-se ao movimento cineclubista.
Preso e torturado
Uma maneira de combater o fascismo era exibir filmes de 16 milímetros obtidos através das embaixadas. A censura proibia muitos, mas conseguia projectar películas do neo-realismo italiano.
Em 1952, a PIDE descobriu que o dinheiro dos bilhetes para essas sessões financiava o movimento de resistência ao regime do Estado Novo. Cumpriu seis meses de prisão no Aljube.
Nos anos 60 foi detido de novo, pois a PIDE descobriu a sua ligação ao Partido Comunista Português, den cuja célula dos cineclubes fazia parte. Preso durante 16 meses, cumpriu parte desse tempo no Forte de Peniche, onde foi torturado por vários métodos.
Tintim e Spirou
Quando aparece em 1968 em Portugal a revista Tintim, colabora escrevendo e traduzindo artigos. Foi director da segunda série da revista Spirou e coordenador da edição de banda desenhada da Bertrand. Criou em 1972 “Quadrinhos”, um dos primeiros fanzines surgidos em Portugal.
Em 1978, vincular-se-ia à fundação da primeira livraria especializada de Banda Desenhada em Lisboa, O Mundo da Banda Desenhada. Reformou-se da RTP em 1990, tendo aceitado aparecer oito anos mais tarde num programa humorístico da TV oficial, Herman Enciclopédia em 1998, prodiando os seus próprios programas sobre animação. Escreveu Dziga Vertov (Livros Horizonte, 1982), sobre um conhecido documentarista russo.
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